Impedido de seguir presencialmente com o trabalho que vem realizando há quase três anos em Mogi das Cruzes, o Canto de Cabocla encontrou uma nova forma de promover a música autoral pela internet. O Espaço Cultural disponibilizará composições originais, gravadas com segurança e respeito ao distanciamento social, no projeto Autoral do Canto, que agora conta com o apoio da Lei Aldir Blanc (LAB) e lançará mais três canções, no próximo mês de janeiro.
Contemplado pelo edital número 19 da Secretaria de Cultura e Turismo de Mogi, o projeto conta com verba do Fundo Nacional de Cultura para promover a sonoridade dos cantores Kauê Moro, mais conhecido como Kau, Sabrina Pacca e Sandra Vianna, respectivamente nos dias 9, 16 e 23 de janeiro, sempre às 20 horas, pelo YouTube.
Seguir com os trabalhos no ambiente virtual "significa muito”. Como dizem as organizadoras do projeto, Sandra e Jéssica Vianna, a LAB veio, de modo on-line, “em socorro das realizações”. É por meio deste apoio que será possível “manter acesa a chama da criação musical”, explicam elas.
“Preservamos culturas de décadas da cidade. Mogi sempre foi boemia regada à música de qualidade, a poetas e atores, artistas de tudo quanto é tipo que povoam as noites e se expressam espontaneamente. O Autoral do Canto é um projeto criado para acolher a música local e receber o público que a contempla. Porque a música é uma das maiores formas de registro da cultura”, dizem.
As três novas canções somam-se a outras cinco já lançadas anteriormente, nas vozes de Waldir Vera, Khalil Magno, Guilherme Bandeira, Gui Cardoso e Dami Alves. Pouco a pouco, o YouTube do Canto de Cabocla vai se transformando num catálogo de talentos da cidade, não apenas os cantores em si, mas também músicos acompanhantes, seja na percussão ou em instrumentos auxiliares.
Os nomes foram selecionados “pela própria agenda musical da casa”, conta Sandra Vianna. “São todos músicos que estavam ativos no espaço. Escolhemos o Kau por fazer parte de uma nova safra da música brasileira, por ser promissor e mostrar uma técnica vocal que é para poucos e Sabrina Pacca porque, além da excelente voz, a intenção era representar compositoras mulheres”.
Já Sandra retorna aos palcos após um hiato provocado pela carreira de gestora cultural, motivada pela provocação de outro músico, Léo Zerrah, “o maior parceiro para essa realização”. “Ele se voluntariou para ajudar, mas desde que eu gravasse um show”, lembra ela.
O que todos têm em comum é a saudade da apresentação e do jogo artístico, que está impedido desde março, quando teve início a pandemia do coronavírus. “Nós, da cultura, fomos os primeiros impactados e os últimos a retomar”, lembram os envolvidos, que comemoram o Autoral do Canto LAB como uma maneira de retomar o contato com o público, ainda que sem o contato físico, pela internet.
Prestação de contas - Ao projeto Autoral do Canto LAB, a Lei Aldir Blanc destinará R$ 25 mil. 27,5% dessa verba, um pouco mais de R$ 6 mil, será descontada em forma de Imposto de Renda. Do restante, 40% serão utilizados para pagamento de dívidas acumuladas durante a pandemia, oriundas de contas fixas como aluguel, água e luz, e 60% para a remuneração de todos os profissionais envolvidos no projeto.
Vale lembrar que como em Mogi das Cruzes os recursos recebidos do Fundo Nacional de Cultura foram disponibilizados em caráter de premiação, os valores recebidos reconhecem as cinco primeiras músicas lançadas e também as novas três, tidas como contrapartidas pelo edital.
A ideia é, a partir deste apoio, abrir caminho para, no futuro, expandir a iniciativa. “O potencial da música autoral em Mogi é inigualável. Manter o projeto on-line é ótimo para que chegue a outras localidades, porém entendemos que para o processo de fomento de público devemos levar a arte para bem perto do povo, disponibilizando-a gratuitamente nas praças da cidade, abrangendo além de geração de renda para o setor a revitalização desses espaços públicos e a garantia de giro econômico ao município. Acreditamos que por intermédio de parcerias, consigamos chegar lá”, finaliza Sandra.