Ao conhecer o novo ambiente, visitantes têm jornada educativa e divertida sobre os axolotes, anfíbios nativos do México. Personagem do game Minecraft, o animal está prestes a desaparecer.
Um dos pontos turísticos mais visitados da capital paulista, o zoológico paulistano está com uma novidade que promete agradar às crianças de todas as idades: o Xochimilco, um espaço totalmente interativo e imersivo. Idealizado sob o conceito de “Habitat Interpretativo”, o novo ambiente proporciona uma experiência educativa e, ao mesmo tempo, divertida, sobre os axolotes, espécie de salamandra nativa do México.
Ameaçados de extinção pela captura ilegal para comercialização e pela urbanização desordenada na região de seu habitat natural, o Lago Xochimilco, no México, os axolotes são anfíbios peculiares: são encontrados apenas em lagos na Cidade do México, possuem três pares de brânquias externas e têm uma alta capacidade regenerativa – a salamandra axolote é capaz de se recuperar de um machucado sem ficar com qualquer cicatriz.
A capacidade de recuperação dos axolotes é tão impressionante que eles conseguem reconstituir até membros inteiros, que são integrados por estruturas não comumente regeneradas, como musculatura, nervos e vasos sanguíneos. Também conseguem renovar completamente a medula espinhal em caso de lesões e reparar metade de seu coração ou cérebro.
Infelizmente, poucos exemplares da espécie, também conhecidos como “monstros da água”, ainda são encontrados na natureza. A captura para o comércio ilegal, juntamente com a perda de habitats e poluição são fatores que contribuíram para que a espécie fosse classificada como criticamente ameaçada, segundo IUCN.
O axolote vive em ambientes escuros e de água doce. Foto: Meus Animais
“O novo espaço marca não só o início da modernização do Zoo de SP, mas também o início de uma parceria com a Secretaria de Meio Ambiente da Cidade do México (Sedema)", diz Eduardo Rigotto, sócio gestor da Reserva Paulista, concessionária responsável pela gestão e modernização do Zoo, Zoo Safári e Jardim Botânico de São Paulo.
"A ideia é promover o intercâmbio de expertise nos cuidados com a espécie e também levantar fundos para apoiar ações de pesquisa e conservação no habitat natural da espécie", explica o gestor. "A iniciativa visa ainda divulgar a cultura do México em relação a esses animais e os esforços da Sedema e das universidades mexicanas para a conservação das 17 espécies de axolotes, todas sob risco de extinção", completa Rigotto.
Ilustração do Zoo de São Paulo
A Secretaria do Meio Ambiente do México é a responsável pela gestão do Zoo de Chapultepec, na Cidade do México (MX). Esse parque mexicano abriga um Centro de Conservação de Anfíbios e o Museu do Axolote. A parceria permitirá, aos visitantes do Zoo de SP, acesso aos conteúdos e informações técnicas dos pesquisadores mexicanos nos painéis temáticos e demais elementos interpretativos da experiência imersiva.
“Para dar visibilidade ao projeto e ampliar as mensagens de conservação, também fechamos parceria com o youtuber Marco Tulio, o Authentic do canal Authentic Games, famoso pelo game “Minecraft”, para que ele seja nosso “Embaixador”, revela Rigotto. No jogo, os axolotes são aliados dos jogadores nas batalhas aquáticas.
"Este é o primeiro espaço sob o conceito chamado de “Edutainment” (education + enterteinment”), inédito em zoológicos brasileiros e já aplicado em zoos modernos dos Estados Unidos e alguns países da Europa. “Estamos felizes em unir, pela primeira vez, em um único projeto, infraestrutura moderna, educação, entretenimento e conservação”, finaliza Rigotto.
Imagem ilustrativa da fachada do espaço. Crédito: Zoo de São Paulo
O Xochimilco - A experiência inicia na parte externa do espaço, onde os visitantes podem começar a imersão com aparatos educativos interativos (hands-on) contendo informações sobre a biologia da espécie. Com mais de 230 m², o espaço Xochimilco conta com três ambientes, cada um deles com diferentes temáticas. A cenografia do ambiente apresenta a temática México, com elementos interativos e educativos que abordam os assuntos: local nativo, aspectos biológicos e conservação. Os elementos de comunicação e educação contam com estruturas visuais, táteis e auditivas, em formas de painéis, textos e vídeos.
O ambiente 1 traz como temática “Uma viagem ao México: os axolotes e a cultura mexicana”. Painéis temáticos e elementos cenográficos transportam os visitantes até a Cidade do México, especialmente ao Lago Xochimilco, local onde os axolotes vivem. Sendo uma espécie com grande presença na cultura e mitologia mexicana, esse espaço também promove a conexão dos visitantes com elementos culturais, lendas e histórias que fazem parte do conhecimento tradicional mexicano.
Imagem ilustrativa. Crédito: Zoo de São Paulo
Já no ambiente 2 as temáticas abordadas são “Axolotes: quem são e quais existem no mundo?”, “Ameaças e conservação: o que está acontecendo com as espécies?” e “Mudando a realidade: o que vem sendo feito no México para ajudar a salvar essa espécie?”. Após mergulhar na relação da cultura mexicana com os axolotes, os visitantes podem conhecer características do ciclo de vida desses animais, obter informações sobre o grupo dos anfíbios e se conectar com conteúdos sobre as 17 espécies de axolotes existentes no mundo, além de descobrir as características biológicas desses animais.
Ainda nesse espaço, é possível tocar e compreender o ambiente e as características do animal por meio de um diorama tátil, em um totem central, e elementos táteis do ciclo de vida. Ao conhecer características da espécie, o visitante é transportado ainda no ambiente para o questionamento sobre quais as ameaças que tornam a espécie em perigo de se extinguir na natureza, por meio de painéis temáticos.
Para finalizar o Ambiente 2, os visitantes podem encontrar informações sobre ações que instituições do México, como profissionais e pesquisadores do Zoológico de Chapultepec, na Cidade do México, realizam para mudar a realidade de inúmeras espécies de axolote.
Imagem ilustrativa. Crédito: Zoo de São Paulo
No ambiente 3 são as seguintes temáticas abordadas: “Minha atitude ajuda os axolotes: o que eu posso fazer para ajudar a salvar as espécies?” e “Se conectando com os animais: experiência imersiva nos aquários dos axolotes”.
Dois elementos interpretativos são contemplados nesse espaço: um totem contendo conteúdos de ações que os visitantes, especialmente as crianças e adolescentes, podem realizar para ajudar a conservação a espécie, trazendo o elemento do engajamento e protagonismo para a experiência; um espaço com dois aquários para promover a conexão das pessoas com os indivíduos sob cuidados humanos no Zoo SP.
Os visitantes são guiados por uma narrativa educativa e lúdica presente em painéis educativos e aparatos interativos. O objetivo do storytelling criado é que cada um dos três ambientes possa provocar a seguinte reflexão: “o que nós, que moramos tão distantes do ambiente natural dos axolotes, podemos fazer para impedir que a espécie entre em extinção?”.
Imagem ilustrativa. Crédito: Zoo de São Paulo
Padrão internacional - O Plano Educativo da Experiência Imersiva dos Axolotes, bem como os objetivos educativos, as temáticas de cada ambiente, a jornada do visitante no espaço e as estratégias educativas para conectar públicos de diversas idades, incluindo grupos escolares, pertence ao Programa de Educação para Conservação do Zoológico de São Paulo, o qual segue as diretrizes propostas nos documentos oficiais da Associação Mundial de Zoológicos e Aquários (Waza) e Associação Internacional de Educadores de Zoológicos e Aquários (IZE).
O Zoo SP possui um programa de visitas escolares intitulado Programa Reconecta, destinado a crianças e adolescentes e adolescentes de 4 a 17 anos. Nesse sentido, a nova experiência imersiva é contemplada em dois roteiros educativos existentes, sendo eles: o Roteiro “Qual é o bicho?” para Ensino Infantil e o Roteiro “Vida de Bicho” para o Fundamental I, Fundamental II e Ensino Médio. Educadores realizarão a mediação educativa com as escolas, potencializando os conteúdos e elementos interativos do espaço.
SERVIÇO
O Zoo de SP fica na Av. Miguel Stefano, 4.241, Água Funda. Abre diariamente, das 9h às 17 horas. Os ingressos podem ser comprados antecipadamente no site www.zoologico.com.br e também na bilheteria no local. Eles custam R$ 69,90 reais (inteira) e R$ 34,95 (meia-entrada). Crianças até 4 anos não pagam. Crianças de 5 a 12 anos pagam meia-entrada.
