Terceira mais populosa do Estado, a cidade de aproximadamente 350 mil habitantes tem seus próprios enigmas, reservando surpresas a quem vai conhecê-la de perto.
Santarém é uma cidade intrigante. Se fosse uma mulher, eu diria que ela, com todos os seus contrastes, guarda segredos e fascínios únicos. Para desvendá-los, só mesmo pessoalmente. O mais sedutor deles: o encontro do azulzinho Tapajós com o marrom barrento do Amazonas, rios que correm paralelos sem se misturar ao longo de alguns quilômetros da orla fluvial da cidade e que fazem parte de sua paisagem urbana. Quem mora lá, não dá muita importância. Mas, a beleza cinematográfica deste cantinho santareno hipnotiza qualquer visitante.
Ao fundo, o encontro do azulzinho Tapajós com o marrom barrento do Amazonas visto do alto da Praça Fortaleza do Tapajós. Foto: Fabíola Musarra
A mesma avenida banhada pelo Rio Tapajós, ao lado da central Praça Barão de Santarém, abriga o Centro Cultural João Fona, também conhecido como Museu de Santarém, que resgata a história da cidade desde a sua criação até os dias atuais. Sua construção começou em 1853, sendo concluída em 1867. Foi inaugurado no ano seguinte pelo engenheiro Marcos Pereira. Ao longo dos anos, o casarão em estilo colonial abrigou a Câmara Municipal, a Prefeitura, o Fórum de Justiça e a Cadeia Pública. É uma das construções mais antigas da cidade.
Fachada do Museu de Santarém, atual sede do Centro Cultural João Fona. Foto: Rodrigo Cruzatti/Wikimedia Commons
Desde 1991, é a sede do Centro Cultural João Fona. Em seu interior, é possível desbravar um valioso tesouro de Santarém, desde peixes fossilizados, restos de sambaquis e objetos (e fragmentos deles) de cerâmica de diferentes etapas da cultura tapajônica até peças do artesanato indígena de tribos que primitivamente povoaram a região e utensílios usados para castigar os escravos.
Entre outros itens, seu acervo também reúne esculturas em madeira, fotografias, jornais, livros e coleção de moedas de diferentes períodos históricos, além de móveis que pertenceram aos antigos Fórum de Justiça (o Salão do Júri ainda está lá, intacto) e Câmara Municipal. Há, ainda, exposições de artistas contemporâneos e uma ala inteiramente dedicada ao Festival do Çairé, um dos mais emblemáticos da Região Norte do Brasil.
A fortaleza construída entre os séculos 17 e 18 ainda preserva os antigos canhões. Foto: Fabíola Musarra
À esquerda do centro cultural, você vai encontrar a Praça Mirante do Tapajós, recém-batizada como Fortaleza do Tapajós. Com canhões originais, a fortaleza, construída entre os séculos 17 e 18, foi erguida a mando de Portugal para defender o Brasil de invasões nos tempos de Colônia e Império. Ao término da praça há um mirante, de onde Santarém, com suas coloridas casas, embarcações e barzinhos à beira-rio exibe a sua beleza a perder de vista.
Nos fins de semana e feirados, o lugar é palco de música ao vivo. Sinônimo de paquera, fervilha de animação e transborda de gente bonita. Espaço democrático, o point da galera descolada também recebe dezenas de famílias com os seus pequenos à tiracolo. Ainda no centro, no sentido oposto ao mirante, está a Praça Monsenhor José Gregório, com a Matriz de Nossa Senhora da Conceição, a padroeira da cidade.
A matriz guarda uma imagem da padroeira da cidade datada de 1759. Foto: Ian Pereira
Construída em 1761 em estilo colonial português, guarda uma imagem da padroeira de 1759, doada pelo então governador Francisco Xavier de Mendonça Furtado, que visitou a região para definir os limites entre os territórios de Portugal e Espanha, segundo o Tratado de Madri. Atualmente, a construção mais antiga de Santarém está sendo restaurada – a igreja foi erguida próxima ao lugar onde ficava a capela de mesmo nome, feita em taipa em 1661, no então Largo do Pelourinho, no centro da antiga vila, a atual Praça Rodrigues Santos, a principal da cidade.
Principal praça de Santarém, a Rodrigues Santos é também o berço onde a cidade nasceu. Foto: Espaço James
Originalmente, este espaço foi o centro de uma aldeia indígena. Chamava-se Ocara Açu, que significa praça principal. Após a catequização dos índios pelos jesuítas, foi rebatizada como Upana Ocara, que quer dizer Praça de Deus. Nomes e ocupações à parte, a praça é o berço onde nasceu e a partir do qual se desenvolveu Santarém. Nela, desembarcou o fundador da cidade, o padre João Felipe Bettendorf. Foi a seu mando que, anos depois, a primeira capela em homenagem à Nossa Senhora da Conceição foi erguida.
Anexo à Matriz, o Museu de História e Arte Sacra exibe aproximadamente 330 peças da arte religiosa de Santarém, entre imagens, quadros e indumentárias. Em frente à igreja, quiosques expõem peças do artesanato local. São redes, mantas, centros de mesa, cestarias, chapéus, biquínis... Nas imediações da praça, lojas de roupas femininas e masculinas fazem a festa de quem gosta de consumir.
Um dos ambientes internos do Museu de História e Arte Sacra. Foto: Ian Pereira
Perto dali ficam o Cristo Rei – Centro de Artesanato do Tapajós e o Mercadão 2000. O primeiro é o endereço certo para quem deseja conhecer o trabalho de artesões de Santarém e de comunidades da região. Suas 15 lojas vendem desde cestarias, cerâmicas e muiraquitãs (símbolo de fertilidade e sorte) a licores, bombons e doces típicos, passando pelas cuias pintadas e bordadas à mão, consideradas patrimônio cultural do Pará. O espaço conta ainda com balcão de informações, sorveteria, lanchonete e caixas eletrônicos.
Já o mercado traduz em cores, perfumes, sabores e formas como vivem os santarenos. Em seu interior espalham-se barracas que comercializam de tudo, de peixes amazônicos usados na gastronomia local até carnes, verduras, frutas e flores. Sem esquecer a grande estrela das mesas de Santarém: a mandioca, usada para fazer receitas bem regionais: a farinha, a goma, o tucupi, o tacacá e o beiju, uma iguaria de origem indígena, feita com a tapioca (fécula da mandioca).
O Mercadão 2000, que é público e o maior da cidade, abriga ainda lojas de roupas, de brinquedos e de raízes, óleos, essências e remédios naturais feitos com ervas e com plantas medicinais que prometem curar todos os males da humanidade, de ressaca a reumatismo. Em frente ao mercado, a Feira do Pescado reúne toda a diversidade de peixes de rios e lagos da região. Entre as espécies ali encontradas filhote, tambaqui, pirarucu, pirapitinga, surubim, matrinxã, pacu e jaraqui.
A margem direita do Tapajós é ainda o lar do Porto de Tapajós, por onde ecoam grande parte dos grãos cultivados em solo paraense rumo ao Estado do Amazonas. Mas, os gigantescos navios que em suas águas atracam e que delas partem também transportam soja, arroz, milho e até madeira e produtos minerais para países como a China, a Rússia e o Japão, só para citar alguns. O porto é ainda a porta de entrada para as centenas de turistas que chegam à cidade em cruzeiros transatlânticos.
SEM PLACAS NEM SINALIZAÇÃO
Santarém é a terceira cidade mais populosa do Pará, perdendo apenas para a capital Belém e Ananindeua, o principal centro urbano, financeiro, comercial e cultural do Oeste do Estado. Mesmo assim, tem pouquíssimos semáforos. E ainda menos sinalizações. Placas com o nome de identificação nas ruas? Nem pensar.
Procuro saber como um turista pode andar em Santarém, e a melhor resposta que recebo é para que ele traga o endereço e o Google Maps, o app que o orientará como chegar ao local desejado. Os santarenos afirmam ainda que existem os postos de informação turística e que os taxistas conhecem bem a cidade. Aceito a explicação e os argumentos, mas eles não me convencem e me parecem ser insuficientes para que um visitante consiga se localizar em Santarém, uma metrópole que a cada dia se renova e que não para de crescer.
Contraste que também chama a atenção são os altos edifícios que começam a despontar nos bairros periféricos da cidade. Santarém abriga construções baixas, com quatro, cinco andares, no máximo. E uma lei proíbe a construção de prédios altos nos quatro quarteirões situados em frente à orla fluvial do Rio Tapajós. É exatamente por isso que os arranha-céus não combinam com a paisagem arquitetônica da cidade, ainda integrada por construções e casarões históricos.
Os botos rosa e o tucuxi (cinza) vivem nas águas do Tapajós. Eles podem facilmente ser vistos do "cais" que fica um pouco à direita do mercado. Foto: Sidney Oliveira
A falta de planejamento urbano e o resultado dessa ausência é bem conhecido por muitos outros municípios brasileiros, onde o céu mal pode ser visto e o trânsito é caótico. Santarém, contudo, ainda tem tempo para impedir que o crescimento desordenado e desenfreado invada as suas ruas, destruindo os seus espaços verdes e a sua invejável natureza, arrasando ainda com os marcos e os traços históricos desenhados em seu passado.
Por falar em história, saiba que foi durante o período colonial que Portugal começou a ocupar os territórios na Amazônia, assegurando a sua hegemonia e posse das terras brasileiras – as primeiras povoações às margens do Rio Tapajós e seus afluentes foram fundadas no século 17. A aldeia de Tapajós foi uma delas. Fundada em 1639, na foz no Rio Amazonas, se desenvolveu e hoje é Santarém, uma cidade onde as cores, aromas e sabores satisfazem todos os sentidos.
Famílias vivem às margens do Rio Tapajós. Foto: Fabíola Musarra
COMUNIDADES RIBEIRINHAS
Distribuídas pelo território santareno, pulsam vibrantes comunidades santarenas. Com características únicas, vivem do fruto do que cultivam e produzem. A Comunidade São Francisco do Canarapari é uma delas. Localizada no distrito do Eixo Forte de Santarém, é incentivada há mais de dez anos por empresários a praticar uma economia sustentável. O que produzem? Lembram-se da mandioca? Sim, aqui existe uma Casa de Farinha.
Afinal, em solo paraense nascem 250 variedades da raiz nativa do Estado. Da mandioca nada se perde: da folha à raiz, tudo é aproveitado. É transformada em goma e tucupi no tacacá, tapioca e beiju para serem saboreados no café da manhã. É usada para fazer bolos, mingaus e até bebidas alcoólicas. Por isso, é impossível falar da gastronomia regional sem citar a mandioca – dificilmente você encontrará pratos que não sejam feitos ou acompanhados por ela.
A Casa de Farinha é comandada por seu Bené e a esposa Sebastiana, uma das 45 famílias que vivem nesta comunidade de 120 hectares. Ao lado dos filhos, o casal planta e colhe a raiz, que posteriormente é submetida à raspagem, colocada de molho na água, triturada e prensada. “Produzimos duas sacas de 60 quilos de farinha a cada 15 dias, além de alguns subprodutos: a goma e a farinha de tapioca. Assim, geramos renda para a nossa família”, orgulha-se seu Bené.
A Capela de Santa Luiza na Comunidade de mesmo nome. Foto: Fabíola Musarra
Já na Comunidade Santa Luiza vivem 25 famílias, num total de 110 pessoas. Entre eles, Paulo Sérgio Castro, um dos apanhadores de açaí, cupuaçu e taperebá (cajá). As árvores são bem altas e o trabalho não é dos mais fáceis. Mas é interessante de testemunhar. Se ficou interessado, a comunidade está situada no km 13 da Rodovia Everaldo Martins (PA-457). A viagem pode ser feita de carro ou de ônibus e dura em média meia hora.
Paulo Sérgio Castro, um dos apanhadores de açaí e frutas típicas da região da Comunidade de Santa Luiza. Foto: Fabíola Musarra
Por sua vez, a Comunidade de Anã produz mel e peixes. “Começamos a criar peixes aprendendo a fazer a ração”, conta Maria Odila Duarte, coordenadora do Projeto Musa – Mulheres Unidas Sonhadoras em Ação. “Hoje, nossa produção garante a sobrevivência das 95 famílias que aqui vivem”. A comunidade é só uma das 75 que dividem um vasto território banhado pelo Rio Arapiuns. Só é possível chegar à região pelo rio. Se você quiser conhecer esse lindo lugar, pode contratar os serviços de Gilgledson Oliveira no Terminal Turístico de Santarém.
Como no momento o terminal está sendo reformado, você pode tentar o Posto de Informações Turísticas, ao lado do mirante. Pelo Instagram, o endereço é Gledson Turismo. No Facebook, www.facebook.com/gilgledson.maiadeoliveira. Em uma embarcação com capacidade para 40 pessoas, Gilgledson realiza diversos passeios aquáticos, todos incluem o encontro entre os rios Tapajós e Amazonas e, na maioria das vezes, dão direito a ver botos.
Os passeios podem ter ou não refeições a bordo e só podem ser feitos com pelo menos 20 pessoas. As saídas são às 9h e o retorno a Santarém acontece às 17h. O tour até Arapiuns é bem legal. Além de você ficar conhecendo a Comunidade de Anã, te conduz a um banho na Ponta do Icuxi, uma das paisagens mais bonitas de Santarém.
A lindíssima praia fluvial do Rio Arapiuns na Comunidade de Anã. Foto: Ian Pereira
A BELEZA SURREAL DO TAPAJÓS
Até agora, falei de algumas atrações turísticas de Santarém, mas não mencionei a sua principal estrela: o Rio Tapajós. Nem é preciso olhar no mapa da cidade, do Pará e do Amazonas para entender isso. Majestoso, o rio de águas transparentes tem seus caprichos: muda de cor conforme a hora do dia e a incidência do Sol, indo de tons de azul a multicoloridas tonalidades de verde. No por do sol veste-se de dourado. À noite e de madrugada reflete o prateado da Lua.
O Tapajós nasce em Mato Grosso, banha parte do Pará e desagua no Rio Amazonas, em frente à cidade de Santarém, a cerca de 695 km de Belém. Tem aproximadamente 1.900 km de comprimento e suas margens, direita e esquerda, são tão distantes uma da outra que a gente nem consegue ver o outro lado do rio. A maior parte dele está em terras paraenses, enquanto a sua porção superior (Sul) faz a divisa dos estados do Pará e do Amazonas.
Independentemente de suas idas e vindas, o rio é uma passarela mágica que conduz embarcações de todos os tamanhos a cenários de beleza inimaginável. Caso de Alter do Chão, uma charmosa vila de pescadores pertencente a Santarém. Fundado pelo português Pedro Teixeira em 1626, este pedacinho de solo, bem antes disso, abrigou a antiga aldeia onde viviam os índios borari, os habitantes da região. Mais tarde, quando elevado à condição de vila, o distrito foi rebatizado como Alter do Chão, um nome de origem portuguesa.
O Tapajós, porém, não é a única via de acesso a esse encantador vilarejo situado à margem direita do rio. Você também pode chegar até lá, partindo de Santarém, pela Rodovia Everaldo Martins (PA-457). São aproximadamente 37 km de distância. A viagem vale a pena! Conhecida como Caribe Brasileiro, Alter do Chão é o principal ponto turístico de Santarém – em 2009, foi eleita pelo jornal britânico The Guardian a mais bonita praia de água doce do mundo.
Vista aérea do vilarejo de Alter do Chão. Foto: Adrio Denner/AD´Produções
Logo na entrada da cidadezinha, você vai dar de cara com a Ilha do Amor, uma falsa ilha (na realidade, é um istmo) de areia branquinha que somente é acessível por caminhada em novembro, quando as águas do Tapajós baixam. Fora disso, você terá de fazer a travessia a nado ou contratar o serviço para um barquinho te levar até lá, um trajeto que demora menos de cinco minutos.
Na chegada, as águas translúcidas e mornas do Tapajós te convidam a banhos e aos mergulhos, enquanto os quiosques com cardápios amazônicos e guarda-sóis te aguardam, abraçados pela natureza irretocável do lugar, pelo céu de intenso azul e por muito sol. Imperdível também é o passeio de canoa pelo Lago Verde, também conhecido como a Floresta Encantada, uma mata de igapó que fica inundada durante seis meses por ano. Por isso, o tour somente pode ser feito entre os meses de fevereiro e julho.
A Ponta do Cururu em Alter do Chão, lugar perfeito para ver botos. Foto: Julia Maiorana
Atrações que brilham pela margem direita do Tapajós e que também merecem a visita são o Igarapé do Macaco e a Ponta do Cururu, uma lindíssima praia que não oferece infraestrutura turística. Para chegar, é preciso contratar um passeio de barco ou de lancha. De volta à terra firme, se ainda tiver fome, passe na central Praça Sete de Setembro, onde barraquinhas servem tacacá, vatapá, maniçoba e outras iguarias da região.
Pratos típicos da gastronomia da região. Foto Mauro Nayan/AD´Produções
Pelas ruas da vila, por sinal, multiplicam-se bares e restaurantes, alguns com preços acessíveis como o Espaço Gastronômico Alter do Chão, com caprichado cardápio e atrações musicais – promove shows, noites de dança e eventos que agitam a noite da cidade. Para preservar as tradições e a cultura do Pará, a programação musical do restaurante sempre inclui a apresentação de um grupo de carimbó.
A casa tem decoração rústica, amplo espaço ao ar livre, varanda com vista deslumbrante, shows musicais e comida da melhor qualidade. De sua culinária contemporânea elaborada com ingredientes locais, destaque para o Pirarucu Recheado, o Tucunaré com Legumes, o estrogonofe de camarão rosa, a coxinha de legumes e o pudim de cumaru. Para abrir o apetite, a cachaça de jambu. A bebida, forte e feita com a fruta da região, literalmente vai te deixar atordoado (entenda melhor, completamente tonto).
Os peixes amazônicos fresquinhos também são a vedete do Restaurante Butikin Alter, na Praia do Cajueiro, a dez minutos do centro. Os pratos principais são acompanhados, a exemplo do que acontece nos demais restaurantes paraenses, por arroz e uma deliciosa (e engordativa) farofa preparada com farinha de mandioca e banana. Entre as opções para petiscar, bolinhos de piracuí (farinha de peixe). Uma dica: não vá embora sem experimentar os sorvetes de frutos regionais, como o de cupuaçu com leite condensado.
Ainda na vila, outra opção é o Restaurante do Alter Hotel. Ele funciona no interior do empreendimento situado em uma das praias mais bonitas do Lago Verde, a cerca de um km de Alter do Chão. Os pratos oferecidos em seu cardápio combinam exóticos temperos da floresta com uma grande variedade de peixes frescos e frutas da região, como o açaí, o bacuri, o cupuaçu, o jambu, a pupunha, o guaraná, a jaca, a manga, o mucuri, o sapoti e o taperebá. Também serve pratos da cozinha internacional.
Procissão religiosa do Çairé, uma festa que se repete há 330 anos. Foto: Rodolfo Oliveira/Agência Pará
Alter do Chão é mais do que excelente gastronomia e praias estonteantes. É cultura também. Todos os anos em setembro promove o Festival do Çairé, um dos mais tradicionais do Norte do País. Realizada há 330 anos, a manifestação acontece em louvor ao Divino Espírito Santo e é marcada pelo religioso e profano, incorporando ainda elementos da natureza e do folclore indígena.
Sua programação inclui o ritual da busca dos mastros realizado pelos moradores da vila, ladainha, procissões e rituais que lembram os povos indígenas, além do Festival dos Botos, no qual a lenda regional do mamífero sedutor que se transforma em homem e engravida mulheres solteiras é encenada pelos Botos Tucuxi e Cor-de-Rosa. Com duas torcidas organizadas como as de Parintins (AM), a competição dos dois grupos é um show de cores, luzes, carimbó e criativas alegorias. Vale a pena assistir ao espetáculo. É ir e comprovar!
SERVIÇO
Encontro das Águas: Orla fluvial de Santarém, margem direita do Rio Tapajós. O encontro das águas azul-esverdeadas do Rio Tapajós com as águas barrentas do Rio Amazonas é um fenômeno natural no qual dois rios correm lado a lado por uma longa extensão, mas não se misturam. O fato ocorre em decorrência da temperatura e densidade das águas.
Centro Cultural João Fona: Av. Adriano Pimentel s/nº, Prainha, tel. (93) 3523-0658, site centroculturaljoaofona@gmail.com. Funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h.
Cristo Rei – Centro de Artesanato do Tapajós: Av. Barão do Rio Branco, 375, Santa Clara, tel. (93) 3523-1925, site cristorei@santarem.pa.gov.br. Funciona de segunda-feira a sábado, das 9h às 21h. Domingos e feriados, das 14h às 20h.
Mercadão 2000: Av. Tapajós s/nº, com Trav. Professor Carvalho.
Porto de Santarém: Ponta do Salé, à margem direita do Rio Tapajós e a cerca de 3 km da confluência com o Rio Amazonas. É administrado pela Companhia Docas do Pará.
Terminal Fluvial Turístico: Av. Tapajós s/nº, centro. Funciona de segunda-feira a sábado, das 8h às 22h. Domingo, das 14h às 22h.
Centro de Informações Turísticas: Av. Tapajós s/nº, Laguinho (orla da cidade, próximo à Companhia Docas do Pará). Funciona de segunda-feira a sábado, das 8h às 20h.
ONDE FICAR
Em Santarém:
Barrudada Hotel: o hotel que pertencia à rede Tropical, criada por funcionários da extinta Varig, foi adquirido por um empresário e, aos poucos, começa a ser modernizado. Ainda não possui bar, salão de beleza nem loja, mas tem piscina, restaurante e estacionamento. Nem todos os seus quartos estão equipados com secador, enquanto os amenities se resumem a sabonetes. Os apartamentos têm tevê a cabo, internet e cama queen-size. Rua Mendonça Furtado, 4.120, Liberdade, tel. (93) 3523-1990, site www.barrudadatropicalhotel.com.br
ONDE COMER
Em Santarém:
Casa do Saulo: Rodovia Interpraias s/nº, km 4, Curuatatuba, São Francisco do Carapanari, tel. (93) 99224-4691. A casa comandada pelo chef e proprietário Saulo Jennings foi eleita pela revista Prazeres da Mesa como o melhor restaurante do Norte do País de 2018. A comida é representativa do Estado, com menu integrado sobretudo por pratos à base de peixe, macaxeira e banana-da-terra.
Além dos criativos petiscos e pratos, outros pontos altos da casa são a paisagem amazônica, que pode ser admirada das mesas dispostas ao ar livre no deck do restaurante, e o Rio Tapajós, de águas limpinhas e acessível para banhos ao fim de sua escadaria.
A casa agenda para grupos a piracaia, tradicional churrasco de peixe à beira-rio. Os peixes amazônicos recém-pescados são assados sobre brasa em jirau de galhos verdes e acompanhados por abóbora, banana-da-terra, batata-doce, frutas e outros alimentos regionais. Funciona de terça-feira a domingo, das 10h às 17h.
Restaurante Piracema: Av. Mendonça Furtado, 73, Prainha, tel. (93) 3522-7461, site www.restaurantepiracema.com.br. A casa é uma das mais concorridas da cidade. Não à toa. Sua decoração é impecável. Alegre e artesanal, resgata a cestaria, a cerâmica e as cuias pintadas da cidade de Santarém.
Imperdível, a farofa com banana-da-terra sempre acompanha os pratos da gastronomia santarena. Foto: Mauro Nayan/AD´Produções
Também os funcionários usam trajes coloridos e típicos. Mas, o melhor mesmo, é a comida. De babar! Na entrada, opções como o Carpaccio de Pirarucu Defumado (com lâminas do peixe cobertas com fios de azeite e alcaparras, acompanhadas por beiju crocante com geleia de cupuaçu), o Bolinho de Piracui e a Cumbuca de Aviú (micro camarão, comum nas águas rasas do Rio Tapajós) com Ervas Aromáticas.
Imperdível também é a porção de Mini Croquetes de Aviú com Geleia de Cupuaçu, preparados com massa de macaxeira recheada com aviú e servidos com geleia de cupuaçu picante. Para o prato principal, prove o famoso Pato no Tucupi (temperado com tucupi e jambu) ou a Caldeirada Ribeirinha, com pedaços de peixes (pirarucu, tucunaré, surubim ou filhote, lombo e costela de tambaqui), batata, cebola, tomate e ovos cozidos em caldo encorpado com farinha d`água, servido com arroz branco e pirão.
Se conseguir, deixe um espaço para a sobremesa. Entre as sugestões, a Mousse de Bacuri com Crocante de Castanha da Amazônia, o Trio de Sorvetes Amazônicos (castanha, açaí e tapioca) e o Bolo de Chocolate com Sorvete de Tapioca. O cardápio do restaurante traz ainda tentações preparadas com carne bovina e peixes, além de risotos. Funciona de terça-feira a sábado, das 11h às 15h, e das 19h às 23h30. Aos domingos, das 11h às 16h.
Bar Mascote Restaurante: Praça do Pescador, 145, centro, tel. (93) 99146-4996. Com decoração aconchegante e caprichada, esse bar/restaurante tem opções, como filé mignon, frangos e peixes. O atendimento é excelente.
Em Alter do Chão:
Restaurante do Alter Hotel: Rua Pedro Teixeira, 500, tel. (93) 3527-1230, site www.beloalter.com.br/o-restaurante.html.
Espaço Gastronômico Alter do Chão: Rua Lauro Sodré, 74, tel. (93) 9840-1614.
Restaurante Butikin Alter: Rua Lauro Sodré, 125, Praia do Cajueiro, tel. (93) 9967-5105.
A jornalista Fabíola Musarra viajou a Santarém e a Alter do Chão a convite da Secretaria Municipal de Turismo de Santarém (Semtur) e da Secretaria de Estado de Turismo (Setur-PA).