A pequenina cidade nos Alpes italianos é um lugar poético. Concentra natureza estonteante, luxo, pistas de esqui e excelente gastronomia. Com montanhas de até três mil metros das Dolomitas, guarda ainda tesouros culturais e intrigantes capítulos da história do país.
Conhecer Cortina d´Ampezzo é viver um conto de encantamentos. Abraçada pelas Dolomitas, uma cadeia montanhosa dos Alpes orientais no Norte da Itália, a cidade vive, respira e transborda glamour, magia e romantismo. Patrimônio da Humanidade da Unesco, as montanhas rochosas de cumes nevados dessa imponente cordilheira perdem-se na imensidão diante do olhar – a região dolomítica se estende pelo Vêneto e pelas províncias de Bolzano, Trento, Údine, Pordenone e Belluno, da qual Cortina faz parte.
O ponto mais alto das Dolomitas é a Marmolada. Situada a Leste da cidade de Trento, tem 3.343 metros de altitude. Espalhados por aqui, por ali e aos pés dos Alpes estão lagos de beleza indescritível, como os de Sorapis, Carezza, Braies e Misurina... Abaixo das arrebatadoras montanhas, Cortina d’Ampezzo se traduz em cores, sabores e perfumes. Com quase seis mil habitantes, é integrante da Associação Europeia Best of the Alps.
Esse fato significa que a cidade ocupa – e com justiça – o ranking dos 13 lugares mais bonitos e sofisticados dos Alpes, o que contribui para que seja um destino de luxo concorrido por dez entre dez estrelas do jet-set planetário. Vales habitados por casinhas alpinas, lagos de águas azulzinhas “criados” pelo degelo da neve das montanhas e encostas pontilhadas por ovelhas e vaquinhas completam a paisagem dessa graciosa vila italiana.
Cortina d’Ampezzo também é sinônimo de ar puro e despoluído, trilhas, passeios de bicicleta e de motos de neve, caminhadas, escaladas e pistas para a prática dos esportes de Inverno. É possuidora de fantástica gastronomia que inclui tentações da cozinha italiana e da internacional e de sofisticados restaurantes, hotéis e lojas, incluindo as de grife. Guarda ainda um passado precioso em história, tradições e influências culturais.
Já na estrada que conduz à cidade é possível perceber esse traço: placas bilíngues e a arquitetura tirolesa das casas comprovam seu mix cultural. Não é tudo. Nesse pequeno território italiano, sobretudo em Bolzano, muita gente fala alemão, uma herança das lutas travadas contra o Império Austro-Húngaro durante a Primeira Guerra Mundial. As placas também surgem em ladino, um idioma local que só é falado em alguns vales das Dolomitas, inclusive em Cortina. Também a gastronomia apresenta semelhanças à do Tirol – alguns pratos inclusive mantêm os seus nomes em alemão.
O casunziei é um deles. Recheado com beterrabas, esse tipo de ravióli é temperado com manteiga e finalizado com parmesão ralado. Também é comum encontrar nos menus locais carnes de caça acompanhadas por batatas. Massas e delícias típicas italianas, como o funghi porcini e o nhoque com gorgonzola, também não faltam à mesa Entre as sobremesas estão o strudel de maçã (apfelstrudel, em alemão), as krapfen (rosquinhas recheadas com creme ou geleia) e a Sacher, a famosa torta austríaca.
Quanto às doces tentações da Itália, tiramissu e crepes de nutela e de laranja são algumas delas. Para acompanhar as refeições nada melhor do que um bom vinho – os restaurantes e bares têm cartas com variadas opções, nacionais e importadas. Também na Enoteca Cortina é possível degustar vinhos italianos, em especial os do Norte do país, e safras austríacas. Na casa são servidos cálices de diferentes tipos da bebida, sanduíches e tábuas de queijos e frios.
Point de viajantes endinheirados e de esquiadores do mundo todo, a cidade, com suas impactantes montanhas, é naturalmente palco de esportes de Inverno. Com incontáveis trilhas, possui disputadíssimas estações de esqui, como a Faloria e Tofana. Ambas pertencem ao Superesqui Dolomita (Dolomiti Superski). Considerado como a maior área de esqui do planeta, este complexo reúne 12 localidades destinadas à prática de esportes de neve nas Dolomitas.
Cortina d'Ampezzo exibe 120 quilômetros de pistas de diferentes níveis de dificuldade para a prática de esportes como o esqui e o snowboard. Todas elas são brindadas por paisagens alpinas surreais. Além das escolas onde crianças de todas as idades podem aprender a praticar esqui, a acolhedora vila abriga o Estádio do Gelo, construído para os Jogos Olímpicos de Inverno de 1956.
Em 2026, a cidade, ao lado de Milão, na Lombardia, será novamente uma das cidades-sede da dessa importante competição olímpica. Torneios à parte, o ginásio possui uma área para patinação e para hóquei de mais de 4.000 mil metros quadrados. Funciona o ano todo e disponibiliza pista de gelo, bar, vestiários e parque infantil. Cortina conta ainda com diversos SPAS e campos de golfe.
Vibrante e cheia de vida – Este pedacinho de solo italiano não se traduz apenas em esportes de Inverno. É também o lar de um instigante centro histórico, de ruas elegantes, de varandas floridas e de casas charmosas. A Via Corso Italia, a principal do centro, é passarela de gente bonita e bem vestida. A rua concentra antigas construções, lojas, butiques, hotéis, restaurantes e cafeterias onde pode-se tomar um imbatível chocolate quente.
Ali também ficam uma cooperativa, um supermercado onde é possível comprar desde lanches até contratar guias de turismo e montanhismo, as igrejas de Nossa Senhora de Defesa e de San Francesco e a Basílica de Santi Filippo e Giacomo. Construída no século XVII, é dedicada aos apóstolos Filipe e Tiago, o padroeiro da cidade. Em arquitetura barroca e com torre de 71 metros de altura, guarda um altar consagrado à Nossa Senhora do Rosário com esculturas de madeira de Andrea Brustolon (Belluno, 1660-1732).
A Corso Italia também é o lugar certo para os amantes de moda, de arte e de gosto (e bolso) refinado. Joalherias, galerias de arte e lojas de antiguidades e de artesanato se revezam ao longo de toda a sua extensão. Ainda ali ficam o Museu Etnográfico Regole d’Ampezzo, que preserva as tradições de cidade, e o Museu Paleontológico Rinaldo Zardini, com vestígios e rochas que remontam há 220 milhões de anos, quando a cadeia de montanhas rochosas ainda era um imenso mar. Fazem parte do acervo do museu fósseis de coral, conchas e moluscos daquele período.
Tão interessante quanto ele é o Museu ao Ar Livre da Primeira Guerra. Importante capítulo da história do país, ocupa uma extensa região dos arredores de Cortina d’Ampezzo, cidade que testemunhou diversas batalhas entre os soldados italianos e os do exército do Império Austro-Húngaro durante o primeiro conflito mundial. O museu a céu aberto espalha-se por trilhas que incluem áreas de Lagazuoi, das Cinque Torri e de Sasso di Stria, nas quais ainda hoje podem ser vistos alguns antigos abrigos e trincheiras.
Por ali também está o Museu Forte Tre Sassi, com objetos perdidos pelos soldados durante a guerra. São cartas, joias, armas e roupas. No Inverno é possível chegar até o museu por meio de um Ski Tour. O acesso também pode ser feito de carro ou de ônibus. Depois de chegar, basta subir pela montanha seguindo pelas trilhas ou embarcar no teleférico que parte de Passo di Falzarego e segue até o Rifugio Lagazuoi.
Dias de sol – O frio e a neve, porém, não são as únicas estrelas da cidade. Nos dias de Verão, ela é tingida por céu celeste, flores campestres, árvores centenárias e incontáveis belezas desenhadas com capricho pela natureza. O sudoeste do vale de Cortina d'Ampezzo, ao Norte da montanha Averau (é a mais alta do Grupo Nuvolau nas Dolomitas, com 2.640 metros), é o paraíso dos andarilhos, alpinistas e ciclistas. Ali ficam o museu ao ar livre de Lagazuoi e as Cinque Torri di Averau.
Conhecidas pelos brasileiros como as Cinco Torres, esta última é um conjunto formado por montanhas que atingem até 2.361 metros. Essa é a altura da Torre Grande, a mais alta. Ela possui três picos que atraem centenas de escaladores: o Cima Nord, o Cima Sud e o Cima Ovest. Além dela, há a Torre Seconda, que também é chamada de Torre del Barancio ou Torre Romana.
Integram o conjunto a Terza Torre ou Torre Latina, a Quarta Torre (na realidade, é formada por duas rochas de alturas diferentes: a Torre Quarta Baixa e a Torre Quarta Alta) e a Quinta Torre ou Torre Inglesa. Na área das Cinque Torri, como em outras montanhas alpinas, existem refúgios (cabanas) onde é possível se hospedar ou simplesmente saborear uma gostosa refeição.
As montanhas das Dolomitas são ainda cenários perfeitos para caminhadas e passeios de bike, especialmente no Verão. Ao redor de Cortina d’Ampezzo existem mais de 400 quilômetros de trilhas nas montanhas. A maioria das rotas é bem sinalizada, algumas delas podem ser feitas por conta própria. No Centro de Informações Turísticas estão disponíveis mapas das rotas possíveis.
A Alta Via 1 das Dolomitas é uma delas. Com 150 quilômetros de extensão, atravessa as Dolomitas Orientais e é considerada como uma trilha de alto nível de dificuldade. Já a Muraglia di Giau (ao longo da fronteira entre Cortina e San Vito di Cadore) tem roteiros para Nuvolau, para Il Passo Giau e para o museu a céu aberto da Primeira Guerra Mundial.
Também os lagos de paisagens únicas são uma outra constelação da região. O Lago Sorapis, por exemplo, está localizado em Cortina d’Ampezzo a mais de 1.900 metros de altitude. Suas águas turquesa resultam do degelo das montanhas alpinas. A trilha 215 que conduz até ele é gratuita. Já a cidade de Nova Levante, na província de Bolzano, abriga o Lago di Carezza.
O acesso até ele é feito por meio de um túnel. Suas águas refletem as montanhas das Dolomitas. Ainda em Bolzano, porém na cidade de Braies, “mora” o Lago di Braies, um dos postais mais visitados dos Alpes italianos. Situado a 1.490 metros de altitude, tem águas limpinhas tingidas por infinitos tons de esmeralda.
Por sua vez, o Lago di Misurina fica perto de três belíssimos picos das Dolomitas: o Sorapiss, o Tre Cime di Lavaredo e o Cristallo. Fica em Cadore, uma província do Vêneto, na parte mais ao Norte de Belluno, na fronteira com a Áustria. As características climáticas do lugar onde o lago está situado a 1.754 metros acima do nível do mar é favorável às pessoas com doenças respiratórias.
Esse fascinante pedacinho de terra ao Norte da Itália abriga ainda outros bonitos lagos. Visitá-los depende apenas de ter tempo e vontade. Nessa região, por sinal, não faltam belezas cinematográficas e simpáticas vilinhas para explorar. Cortina d’Ampezzo é um desses refúgios. Conhecer a cidade é ter um passaporte para viver emoções mágicas. É ver a poesia traduzida em forma de natureza. Afinal, este lugar encantado é único. Preciso falar mais?
SERVIÇO
Língua: o italiano é a língua oficial, mas muita gente fala o ladino, um idioma local.
Dinheiro: A moeda é o euro (€).
Voltagem: 220 Volts. Atualmente, a maioria dos aparelhos e dos equipamentos são bivolt, mas é sempre recomendável levar um adaptador universal para tomadas.
Centro de Informações Turísticas: o Ufficio Turistico fica na central Via Corso Italia, 81. Nele, é possível obter informações, mapas de trilhas e de pistas de ciclismo da região.
Como chegar
Cortina é interligada à maioria das cidades do Norte da Itália por estradas, rodoviárias e aeroportos.
De carro: do Sul, pela autoestrada A27. De Mestre, é preciso ir até a saída de Pian di Vedoia (Belluno), ligada à estrada nacional 51 d’Alemagna. Do Norte, siga pela autoestrada A22 del Brennero até Bressanone – Val Pusteria. Lá, pegue a estrada 49 em direção a Dobbiaco.
De avião: Voos diretos ligam o Brasil a Roma e Milão, na Itália. Os aeroportos mais próximos a Cortina D’Ampezzo são o de Bolzano, o de Veneza e o de Treviso, além do de Verona e o de Bergamo. Nesses aeroportos, a empresa Cortina Express oferece traslados para a cidade.
De trem: Cortina d’Ampezzo não é atendida pela malha ferroviária. As estações de trem mais próximas ficam em Dobbiaco (ao Norte) e Calazo di Cadore (ao Sul). Depois é preciso tomar um ônibus para chegar à cidade.
Onde ficar: a cidade oferece diferentes opções de hospedagem, das mais simples às luxuosas. Em média, a diária sai pouco mais de € 80 (casal) em hotéis ou pousadas três estrelas, com restaurante e vista para as montanhas e os lagos. Quanto às refeições, uma pizza ou massa com uma cerveja custa um pouco mais de € 15 por pessoa.
Como circular em Cortina d’Ampezzo: o centro da cidade é pequeno e abriga ruas exclusivas para pedestres. Para circular sem o carro, pegue um ônibus na rodoviária. Eles conduzem a atrações próximas, como o Lago Misurina e o Passo Falzarego. Uma máquina automática vende bilhetes (€ 1,20 a unidade) e há uma de troco também.
Quando ir: Cortina pode ser visitada em qualquer etação do ano. Circundada pelos picos nevados das Dolomitas e paisagens dos sonhos, oferece atividades no Inverno e no Verão, sobretudo as ao ar livre.
Verão – A estação de sol e calor é vibrante em Cortina d’Ampezzo. É quando a cidade acolhe mais visitantes do que no Inverno. Entre junho e setembro, atrai pessoas que querem fazer trilhas nas montanhas e em pistas sinuosas com paisagens bucólicas e visitantes que apenas desejam saborear pratos da saborosa gastronomia local.
Primavera e Outono – Para fazer trilhas, é melhor optar pela bike, fugindo das baixas temperaturas dos Alpes. A partir de maio já dá para encarar os picos, onde venta muito e faz frio também no Outono e na Primavera. Outubro e novembro trazem as cores para as montanhas, cobrindo os seus elevados campos com flores silvestres.
Inverno – De novembro até março, as paisagens são branquinhas e perfeitas para esquiar. Ou, apenas curtir o frio e a neve. O maior movimento turístico acontece entre o Natal e o Réveillon. Março é baixa temporada e grande parte das lojas e dos restaurantes fica fechada.
Nos arredores de Cortina: as opções são os lagos de Misurina, Carezza e Braies, o museu a céu aberto da Primeira Guerra, a trilha ao redor dos picos Tre Cime di Lavaredo e Passo Gardena, distante 45 quilômetros da cidade.